A Vida em tons de Cinza
Ruta Sepetys
Editora Arqueiro
240 páginas
ISBN: 9788580410167
Resenha por: Will
Sinopse: 1941. A União Soviética anexa os países bálticos. Desde então, a história de horror vivida por aqueles povos raras vezes foi contada. Aos 15 anos, Lina Vilkas vê seu sonho de estudar artes e sua liberdade serem brutalmente ceifados. Filha de um professor universitário lituano, ela é deportada com a mãe e o irmão para um campo de trabalho forçado na Sibéria. Lá, passam fome, enfrentam doenças, são humilhados e violentados. Mas a família de Lina se mostra mais forte do que tudo isso. Sua mãe, que sabe falar russo, se revela uma grande líder, sempre demonstrando uma infinita compaixão por todos e conseguindo fazer com que as pessoas trabalhem em equipe. No entanto, aquele ainda não seria seu destino final. Mais tarde, Lina e sua família, assim como muitas outras pessoas com quem estabeleceram laços estreitos, são mandadas, literalmente, para o fim do mundo: um lugar perdido no Círculo Polar Ártico, onde o frio é implacável, a noite dura 180 dias e o amor e a esperança talvez não sejam suficientes para mantê-los vivos.
Quando você a capa desse livro pela primeira vez, pode até pensar em tudo, menos que essa é uma história sobre guerra. Ou sobre pessoas que perderam tudo o que tinham, viram seus parentes sendo jogados em lugares diferentes ao seu e deixando seu país, sua pátria como um foragido ou malfeitor.
Antes de tudo, é bom salientar que os eventos descritos no livro aconteceram na transição da investida de Stalin e a URSS “União Soviética” aos países bálticos na Europa Ocidental e a Segunda Guerra Mundial. E se você pensa em desistir do livro, é melhor pensar duas vezes antes.
Ruta Sepetys fez uma pesquisa incrível para escrever esse que é seu romance de estréia, ela rebuscou o passado de sua família e contou uma história que realmente aconteceu, mas que não foi tão divulgada. E sobre a ótica de vários registros, diários e relatos de várias pessoas que ainda vivem e são assombradas por esses fantasmas do passado.
Eu me pergunto, como não se apaixonar por um livro que além de relatar um fato importante da história mundial, retrata tudo o que milhares de pessoas viveram por quase cinqüenta anos? A protagonista Lina, tem uma inocência tão grande que assim que você começa a ler as primeiras páginas a empatia positiva pega forte, e não só por ela, mas por todos os outros personagens que convivem junto e que nos abrem e confidenciam-nos suas histórias.
A narrativa da autora é fluida e gostosa de ser lida e acompanhada. Os detalhes descritos nos trás muitos sentimentos, e confesso que me emocionei muito durante a leitura, não por ser uma leitura triste, mas vendo como que um povo que passou tudo o que eles passaram ainda tinham fôlego para rir, para doar um pouco de carinho e compaixão pelo próximo e o essencial mantinham a esperança.
Eu poderia passar horas falando sobre esse livro, e como ele foi uma experiência de leitura linda e mágica para mim. Que me fez abrir os olhos para outras questões que estão além da fantasia e do sobrenatural, a humanidade e o que estamos sujeitos. Mais que recomendo o livro, ele foi direto para os favoritos!